Esse livro foi uma terrível decepção - e uma leitura um pouco traumática. Menos humano que o os sertanejos de Graciliano Ramos, Macabéa soa para mim como uma caricatura de um pobre traçada por alguém que nunca interagiu com um pobre na vida real. Com o pincel da hipocrisia e os pastéis do alheamento da realidade, Clarice faz o exagero do exagero, acreditando que os pobres e os humildes não têm existência própria. E o pior: tudo isso coberto com o verniz de estar fazendo uma crítica social densa e profunda. Absolutamente desprezível.
Sobre a edição: Preço bom. Páginas brancas demais, cansativas.
Dr. Daniel Modolo
5つ星のうち2.0
Clarice vai ao zoológico
2020年10月30日にブラジルでレビュー済み
Esse livro foi uma terrível decepção - e uma leitura um pouco traumática. Menos humano que o os sertanejos de Graciliano Ramos, Macabéa soa para mim como uma caricatura de um pobre traçada por alguém que nunca interagiu com um pobre na vida real. Com o pincel da hipocrisia e os pastéis do alheamento da realidade, Clarice faz o exagero do exagero, acreditando que os pobres e os humildes não têm existência própria. E o pior: tudo isso coberto com o verniz de estar fazendo uma crítica social densa e profunda. Absolutamente desprezível.
Sobre a edição: Preço bom. Páginas brancas demais, cansativas.
Macabéa é uma datilógrafa que saiu de Alagoas para trabalhar e viver no Rio de Janeiro. Simples e sem ambições, ela leva uma vida rotineira, a qual julga feliz, até que os que estão a sua volta acabem tentando opinar sobre.
O livro curto me enganou, pois Clarice Lispector não é pra se ler rápido, mas sim pra ler um pouco que te faz parar e refletir muito. Achei que leria em algumas horas, mas levei dias. O que é a escrita de Clarice? Amei!
Sobre a história, o narrador é extremamente chato e enrola demais pra começar a contar a história, por diversas vezes omite sua opinião sobre a protagonista, que aliás, acaba por não ser uma personagem tão forte. Ela aceita que todos opinem sobre ela e a ofendam de todas as formas, o que é uma pena, mas quando sabemos de sua criação e infância, acabamos entendendo.
A rotina de Macabéa é o foco do livro, suas ações e pessoas que passam por sua vida também. Ela se mostra satisfeita com o que tem e a descrição da sua rotina é muito gostosa de se ler, mesmo que a gente conclua, no final de tudo, que o livro não contou grande história e, de fato, não conta, mas Clarice coloca uma delicadeza nisso que é maravilhosa.
Não chego a sentir pena de Macabéa e dá pra ver que a intenção não é essa, ela não é aquela personagem "vítima", simplesmente age como acredita ser melhor e não se lamenta em momento algum.
Outro ponto alto são as pequenas coisas que deixam ela feliz, como ouvir o rádio ou ficar sozinha em casa, é, repito, algo simples, mas muito bom.
O namorado que passa a ter no decorrer do livro é extremamente detestável, acho que a intenção da autora era que o leitor o odiasse. Bom trabalho nisso.
Gostei, gostei muito. Quero ler muito mais de Clarice.
Pensava que somente eu neste planeta não tinha lido nada desta escritora, comprei o livro para sair desta posição incômoda. Por mais que goste de ler as críticas e elogios, compro um livro para que eu mesma possa opinar, e não poderia ter sido mais decepcionante, uma narrativa quase sem sentido. Imagino que deva ser aquela história de que alguém muito bem quisto, do tipo "fulano é muito inteligente" indique a leitura e, para que um pobre mortal não se sinta menos importante, acaba dizendo que o livro é realmente muito bom. Enfim, definitivamente este não é o meu caso, e este livro é uma perda completa de tempo, não é entretenimento, não é diversão, não é emoçao, não é distração... PS: Com todo respeito a quem leu e gostou, é claro, mas para mim foi uma tremenda decepção.
Nesse livro vejo o efeito da narrativa em primeira pessoa explicitado. Como o próprio narrador afirma, ele é um dos personagens principais da história, apesar de ele não estar envolvido nos fatos que são narrados. A importância de seu personagem está justamente na narrativa, que é em primeira pessoa, excêntrica e idiossincrática. Assim, mesmo falando de outros, revela muito sobre si. O livro, que foi recomendação de uma amiga que já havia me adiantado essa ideia, me fez perceber como a narrativa em primeira pessoa dá ao leitor uma margem de interpretação ampliada acerca da narrativa, nos permite (e nos recomenda!) desconfiar do narrador. Não só em relação a casos emblemáticos, como esse e o do Dom Casmurro, mas em todos!
Quanto a edição: achei a edição bem feita, livro curto e bonito, apesar de ter suas folhas brancas e poderem desagradar aqueles que preferem o tom amarelado. Quanto a obra: particularmente, não me interessei pela sinopse, li em decorrência do vestibular, tem um início arrastado e enfadonho (principalmente pelo pseudônimo Rodrigo S.M. conversar diretamente com o leitor sobre seus próprios sentimentos), mas depois me prendi a história que tem um desfecho inesperado, no final fiquei com alguns pensamentos e reflexões mas estes não necessariamente foram instigados pela obra, que se lida apenas literalmente, poderá se tornar chata e desinteressante. Mesmo assim, por se tratar de um baixo investimento, recomendo àqueles que pretendem explorar novas formas de literatura.
Esse é um clássico da literatura que eu definitivamente não gostei, já que, além de a narrativa ser confusa, pois a autora intercala a fala do próprio narrador com os acontecimentos da vida da personagem principal, a história não tem nada de muito interessante. Vemos Macábea, uma nordestina que se mudou para o Rio de Janeiro e vive sem perspectiva, sem sonhos, sem amigos, sem família, sem saber verdadeiramente o que é felicidade. Ela apenas passa pela vida, mas não a vive, terminando de forma trágica. Acredito que a obra tenha sido escrita exatamente no intuito de retratar a vida de tantos indivíduos com uma realidade similar, mas não vi nada demais no enredo. Chato!
A hora da estrela pode ser um livro simples, porém, através da vida da personagem Macabéa e de sua linguagem poética e cheia de metáforas, Clarice Lispector nos apresenta de uma maneira única e extremamente profunda, as diversas questões sobre a tristeza, solidão e sobre os enfrentamento na sociedade que vivemos. Livro curto, porém, indispensável! Clarice Lispector tem que fazer parte de todo leitor!
"O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras. É uma fotografia muda. Este livro é um silêncio. Este livro é uma pergunta."
A hora da estrela foi adaptado para o cinema em 1985 com Direção de Suzana Amaral, que acaba de falecer, em 25 de junho de 2020. Nota 7,3 na IMDB, vale a pena conferir também.
Nascida na Ucrânia, Clarice Lispector emigrou para o Brasil ainda criança pequena, passou a maior parte da infância no Recife, cidade do seu coração, de suas memórias mais felizes e inspiração de vários dos seus contos. Depois mudou-se para o Rio de Janeiro, se tornando tradutora, escritora consagrada, jornalista, contista e ensaísta. Atualmente é reconhecida como uma das maiores escritoras brasileiras.
Sua obra é extensa, sendo sempre citado entre suas melhores criações o romance A paixão segundo G.H., o livro de contos Laços de Família e a novela A Hora da Estrela, tema desta avaliação. Não gostei muito da Paixão Segundo G.H, percebe-se a influência de Dostoiévski e Virgínia Woolf, ela gostava também de usar a narrativa por fluxo de consciência, mas para mim não causou grande impacto. Por outro lado, só tenho elogios a fazer sobre Laços de família, coletânea de contos exemplares, como a maioria dos seus contos, acredito que foi na faceta de contista onde ela atingiu seu mais alto padrão de qualidade.
Em relação à Hora da estrela, penso que é superestimada, uma estrela de pouco brilho, não gostei da história dentro da história, o longo e enfadonho preâmbulo da narradora Clarice disfarçada de Rodrigo S.M., uma inovação arriscada da autora que não deu muito certo, e tampouco gostei dos personagens principais, Macabéa não empolga, muito passiva, nem seu namorado de araque e nem sua falsa amiga, mas ressalto que trata-se de uma opinião pessoal, o livro é muito elogiado por críticos renomados!!
A editora Rocco prestigiou a escritora, e lançou grande parte de sua obra, quiçá a obra completa, A presente edição poderia ser mais caprichada, pois usa papel branco, apresenta capa comum e não traz notas explicativas, ensaios sobre a autora e nem textos complementares.
Mais uma vez enfeitiçada pelo poder que essa mulher tem com as palavras. Fico pensativa com os livros dela, aquele não sei o quê... uma sensação que dura mesmo depois de anos. Sempre gosto mais do que imagino a princípio, mas nunca gosto tanto quanto ouço falarem por aí. Pra mim continua sendo um mistério, e acho que é isso que sustenta esse agridoce prazer. Frases certeiras, observação e apontamento cirúrgico, uma poesia da realidade. Clarice sempre vale a pena, o papel e a tinta.